História

Uma história de mais de 300 anos dedicados ao Nosso Senhor Jesus Cristo

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A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, até a metade do século XVII, estava localizada no antigo território da Barreta, correspondente a toda a área costeira, que se estendia desde o frontal do Pina até a povoação das Candeias. Não se tem conhecimento de uma fonte precisa que assegure a data da abertura da igreja. Sabe-se, porém, que em 1743 o templo já estava pronto. Antes de 1848, a capela pertencia à paróquia de Nossa Senhora da Paz, em Afogados, e só em 8 de setembro daquele ano conseguiu ser elevado ao nível de paróquia independente.

O documento mais antigo sobre a igreja é uma escritura datada de 6 de junho de 1707. Nela, Balthazar da Costa Passos e sua esposa, Ana de Araújo Costa, doam ao padre Leandro Camelo um local onde havia um "oratório ou presepe a Jesus e Maria, juntamente com o solo que estava perto, que era um sítio de terras na Barreta com cem braços de frente e uma légua de fundo, desde a praia até o Rio Jordão". Ainda por testamento, aqueles doadores, por serem muito religiosos, anexam ao patrimônio da capela mais um sítio, ao lado, "com 500 braços de terra, com trinta e tantos pés de coqueiros, onde está uma casa de taipa à venda em que antigamente morava Manuel Setúbal".

Uma outra informação extraída de documentos históricos ressalta que o padre Leandro Camelo, na época conhecido como “homem de grandes virtudes” , empregando tudo o que possuía, manda fazer uma imagem com o título da Boa Viagem, em obséquios de Maria Santíssima, colocando-a em uma magnífica Igreja que erige, distando duas léguas do Recife, sobre as praias do mar, “pondo as suas esperanças nesta Senhora, cujo cuidado é levar-nos, sempre, ao desejado porto de salvação”.

Segundo os estudiosos do assunto, a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, no período do Brasil-colônia, embora modesta, representava um dos templos de maior rendimento patrimonial do Recife. O seu usufruto era de cinco grandes sítios, quatro pequenos e vinte casas térreas no povoado, além de um pequeno sítio de coqueiros na praia doado pelo padre Luís Marques Teixeira com o único compromisso de ser retirada, de sua renda, "a quantia necessária para se conservar acesa dia e noite a lâmpada da capela-mor da Igreja".

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As grandes reformas na Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem são iniciadas em 1862. No lugar do prédio anterior, ergue-se um novo com uma estrutura mais solene. Existia antes disso uma pequena igreja com linhas simplórias e um alpendre erguido em sua frente, que mais parecia um daqueles templos modestos da zona rural. Durante a reforma, os religiosos preservaram alguns altares, entre os quais o da sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Datado de 1745, esse altar foi entalhado pelo mestre João Pereira e dourado pelo artista Francisco Teixeira Ribeiro, no ano de 1772.

Inegavelmente, foi a Capelinha de Boa Viagem que deu nome à sua lindíssima praia. Vale ressaltar entre os administradores os próprios doadores das terras; o irmão de Bhaltazar Passos, Antônio da Costa Passos, e esposa Catarina de Araujo Sampaio; os padres Luiz Marques Teixeira e Inácio Ribeiro Noia.

No começo do século XX, o acesso a Boa Viagem ainda era bastante difícil. Em 1908, por exemplo, de acordo com os estudiosos do assunto, via-se apenas umas 60 casas de construção regular, desalinhadas, e a capela. A povoação só apresentava alguma vida nos meses de setembro a março, período em que a estação balneária era frequentada.

Distando 11 km do centro do Recife, Boa Viagem só toma impulso depois que a Avenida Beira-Mar é construída. Isto possibilita à população utilizar o bonde elétrico para ir à praia. Antes disso, porém, em se tratando de transporte público, só havia uma linha de bondes puxados por burros, inaugurada em 1899.

Av. Boa Viagem, 1923.

Av. Boa Viagem, 1923.

Paralelamente às obras no templo, nestes mais de trezentos anos, os administradores procuraram colaborar, tanto quanto lhes fossem possível, na pregação do evangelho e nas celebrações litúrgicas, criando aura de atração às pessoas que por ali passavam ou residiam: embarcadiços, pescadores, viajantes, entre outros. Alertavam-lhes, sobretudo, que existiam os sérios  problemas da alma, cuja vigília não podia desandar.

Em 8 de setembro de 1948, por decreto do Sr. Arcebispo Dom. Miguel de Lima Valverde, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, com a elevação de sua igreja à categoria de matriz, sendo seu primeiro Pároco Monsenhor Romeu Vasconcelos de Sá Barreto, que aqui permaneceu de 1º de janeiro de 1949 a 06 de agosto de 1967, quando faleceu. A Seqüência dos Párocos ou administradores, foi a seguinte:

  • Monsenhor Romeu de Vasconcelos Sá Barreto;
  • Cônego Edvaldo Bezerra da Silva;
  • Cônego Osvaldo Gomes Machado;
  • Pe. Marcos Ferreira do Carmo (Vigório substituto);
  • Pe. Luís Antonio;
  • Pe. Marcos Ferreira do Carmo;
  • Monsenhor Edvaldo Bezerra da Silva.

Daí por diante, Mons. Edvaldo Bezerra da Silva, Pároco, ao lado de Mons. José Albérico Bezerra Almeida, Vigário auxiliar, vêm desenvolvendo nesta Paróquia uma obra verdadeiramente notável de orientação social, pastoral e catequética.



Fonte: VAINSENCHER, Semira Adler. Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, Recife, PE. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 16 dez. 2013.

Imagens: Google Images.